Em tempos de crise, alguns métodos e expressões retornam ao mundo dos negócios, na maior parte das vezes, trazendo dúvidas sobre o seu significado e sobre sua aplicação no dia a dia das empresas. Antes de explicar o método de gestão de crise, é importante falar sobre a origem etimológica da expressão. Crise, do grego krinein, quer dizer decidir ou, mais apropriadamente, a capacidade de bem julgar.
Sua primeira aplicação tem origem na medicina. Para quem conhece a área da saúde, é fácil compreender, pois equipes técnicas precisam tomar decisões e realizar escolhas de forma rápida todos os dias.
Crise é diferente de problema, que é o resultado indesejado de algum processo, onde a partir do conhecimento das causas, podemos controlar os seus efeitos, atuando diretamente na causa origem do problema. Crise, diferentemente, é um evento imprevisível capaz de provocar prejuízos significativos a uma instituição e, consequentemente, aos seus integrantes. Se juntarmos a origem etimológica da palavra com as características que a diferenciam de problema, podemos compreender de forma clara que uma crise é um ou a cominação de “n” eventos que podem colocar em risco a continuidade de um negócio.
É fundamental compreender-se que um momento de crise também apresenta alguns aspectos positivos, pois todo momento como esse apresenta oportunidades de crescimento, de rever conceitos, métodos e ideias, enfim, chances de mudança. Apesar de não ser fácil compreender que, nesta fase, onde há imprevisibilidade, devemos estar atentos para as novas necessidades, às alterações na dinâmica do negócio e às oportunidades que estão escondidas em forma de problemas. Em diversos idiomas orientais, não há uma distinção clara entre o conceito crise e oportunidade. No mandarim, o mesmo ideograma representa as duas ideias.
Por isso, é importante que uma das etapas do gerenciamento de crise seja a identificação de mudanças estruturais. Esta fase é onde iremos avaliar se o que fazemos ainda faz sentido com o mundo lá fora, pois precisamos reforçar o conceito de que agregar valor é aumentar a nossa capacidade de satisfazer necessidades e expectativas dos nossos clientes. Um período de crise altera a nossa base social, cultural, comportamental e econômica. Se você não sabe que mudanças podem ocorrer no seu modelo de negócio no pós-crise: fique atento, pois essa realidade futura poderá ser um novo problema para sua empresa.
O gerenciamento de crise não é uma ciência exata. Isto porque, cada crise apresenta características distintas, exigindo soluções particulares. O gerenciamento de crise é um método que utiliza uma sequência lógica para resolver eventos, os quais são fundamentados em probabilidade. Por este motivo, precisa-se criar, na organização, um processo de análise e reflexão, agindo com base em probabilidade – cuidadosamente calculada.
Precisamos compartilhar o entendimento de crise e definir um grupo de pessoas dedicadas para apoiar o processo de análise e decisão. Este é o primeiro passo de orientação para as empresas que são nossas clientes ou que buscam o nosso suporte, especificamente, para gestão de crise. Esta equipe tem que ser multidisciplinar, possibilitando que tenhamos a visão do todo. Esta estrutura é denominada de comitê de crise. Este assume uma postura organizacional não rotineira, pois há uma grande diferença entre as atividades diárias da empresa e as suas atividades num período de crise.
O comitê cria o processo racional e analítico de identificar, obter e aplicar recursos necessários à antecipação, prevenção e solução, com ações baseadas em análises. Estas ações seguem critérios, são três premissas para a tomada de decisão. A primeira: necessidade, onde avaliamos se é indispensável a nossa ação, de modo a identificar, antecipar ou prevenir.
Segunda: validade do risco, todas as ações devem considerar o risco oriundo da execução e, se é compensada pelos seus resultados.
E, terceira: aceitabilidade legal, moral e ética.
A partir da formalização do comitê e de suas regras de operacionalização, é possível executar os três blocos do nosso método. São eles: ações imediatas, ações de médio e longo prazo e considerações sobre reestruturação.
Espero que tenha gostado! Se tiver dúvidas não deixe de entrar em contato conosco. Até breve!